terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um amor às avessas...


Texto Antonio Nunes (Tonton)

– Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe a cabeça! – esbravejava, insistentemente, a Rainha de Copas.

E de onde viria tamanha aridez naquele coração? Devia haver um coração naquela mulher. E não somente nas vestes e no cetro, não é verdade?

Estranho paradoxo este. De quem, pelo nome, poderia se esperar um imenso amor,
emanava tanto desamor, o qual, sem dúvida, seria fruto de uma profunda tristeza. E qual seria a razão para tanto?

Foi somente no período natalino que passei naquelas terras que pude compreender tal questão em toda sua extensão. Ela o odiava com todas as suas forças, e tudo o mais a ele relacionado: árvores e bolas coloridas, luzes piscantes, guirlandas, pingentes e todas as demais decorações da estação. Meias e sapatinhos na janela? Nem pensar. Era decapitação na certa!

Afinal, foi justamente por ocasião de um Natal que ela fora abandonada pelo até então Nicolau, que a deixou para trás, assim como o seu reino, para viver em outras terras, onde encontrou o amor verdadeiro, simples, mas completo, de uma mulher despojada de vaidades, da riqueza, da ostentação, para viver uma vida de sacrifício, mas recheadas com muitas pequenas alegrias.

Infelizmente, parece que a Rainha não aprendeu a lição, pois continua a gritar para todas as mulheres atraentes que cruzam o seu caminho e, mesmo sem ter culpa alguma ou a mínima intenção, ameaçam suas pretensões:

– Cortem-lhe a cabeça! Cortem-lhe a cabeça!

Bem, mas para terem um dia se aproximado, alguma coisa teriam que ter em comum: os
dois adoravam o vermelho!

Coisas da juventude, podemos afirmar...

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Coisas do coração...


Texto Antonio Nunes (Tonton)

Baseado na ilustração de Emerson Pontes


Quem diria,quem diria?!
Que aquele encontro fora definitivo,
Afora as diferenças, eram plenas semelhanças,
Completaram-se, tornaram-se indissolúveis,
A presença de um, era a garantia do outro, em muitos sentidos,
Eram cúmplices nos gestos, nos olhares, nos desejos que conduziram eternidade afora,
E palavras eram desnecessárias...
Bastava-lhes o suave calor do contato de seus corpos,
Ela reflexiva, ele sonhador,
Ela retraída, ele expansivo,
Ela batalhadora, ele sedutor,
Quem diria, quem diria?!
Para este improvável, indescritível e insuperável amor,
Não há outra explicação...
Coisas do coração.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Tonton no Conselho Estadual de Cultura



A convite do Conselheiro Marcus Prado, tive o prazer de estar presente à reunião do Conselho Estadual de Cultura, ontem, dia 24 de novembro de 2011.

Agradeço o gentil convite e a acolhida dos presentes, para quem discorri a respeito de minha trajetória como escritor, sobre as obras técnicas e literárias de minha autoria, bem como das ações - em andamento e futuras - como Coordenador Regional da AEILIJ em Pernambuco e de Literatura Infantil e Juvenil da Fliporto.

O clima de cordialidade - e o incentivo para a continuidade dos trabalhos - foi a tônica deste encontro. A leitura e o debate de trechos de alguns textos, em especial contos e fábulas, recheou a discussão, regada ao tradicional suco de caju ofertado aos participantes de sessões no CEC.

A sensação de "quero mais" foi unânime. Na ocasião, presenteei alguns de meus títulos e ganhei de presente outros. Boa leitura garantida para os próximos dias.

Na foto acima, estou à mesa com Marcus Prado, ladeado pelo historiador Leonardo Dantas, que folheava um de meus livros infantis. Abraços a todos!

sábado, 1 de outubro de 2011

O Fliporto Nova Geração está no ar!



Tenho o imenso prazer de informar-lhes que o blog Fliportonovageracao.net, projeto dedicado ao público juvenil, que estréia na edição deste ano da Fliporto, já está no ar.

Além de disponibilizar conteúdos para a formação literária de seus frequentadores, o projeto Fliporto Nova Geração fomentará, também, o surgimento de novos talentos literários. Esperamos, por intermédio das ações planejadas e em andamento, incentivar a leitura, a formação de leitores críticos e dos futuros protagonistas de eventos literários, nacionais e internacionais, como a própria Fliporto.

Participem, visitem o blog e divulguem o projeto em sua rede de relações, colaborem conosco nesta revolução silenciosa.

Abraços a todos, Antonio Nunes (Tonton) - editor do Fliportonovageracao.net

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Por que seria surpresa saber-me engenheiro e escritor?



Porque nas sociedades em que vivemos,em nosso cotidiano, transferimos nossas expectativas e limitações de compreensão da possibilidade de completude do outro para este outro. É uma estratégia de sobrevivência presente em toda a humanidade. Quanto menos o conhecemos mais lhe projetamos nosso desconhecimento, completando estas lacunas com a construção ficcional que nos pareça - e não necessariamente seja - mais agradável. Eis que este ato ficcional nos dá prazer, enquanto que admitir o desconhecimento,ou reconhecer a realidade diferente do que imaginamos, nos amedronta. Por esta razão, vivemos imersos em estereótipos que servem bem a este propósito de preencher o vazio perceptivo com (supostas) verdades plausíveis.

E tal é tão comum que, não raro, me deparo com comentários do tipo:

- E você... engenheiro, escritor...e de literatura infantil?!


Parece-lhes absurda tal possibilidade. E erram feio, em dois pontos:

a) por assumirem postura completamente estereotipada, como se engenheiro não pudesse ou não fosse apto a escrever, e ainda mais para crianças (e não somente para estas);

b)por me rotularem primeiramente como engenheiro e não como escritor.


Mal sabem que, não só em mim, como em tantos outros casos similares,este nasceu antes daquele. Neste sentido, seria surpresa saberem-me escritor e engenheiro?

sábado, 17 de setembro de 2011

Trovinha de Primavera



Trocando mensagens com a querida amiga Regina Sormani (da Regional SP da AEILIJ), responsável pela Revista Eletrônica Almanaque Primavera em Sampa, recebi o gentil convite para escrever uma trovinha para publicação no próximo mês de outubro. Dentre outros assuntos relacionados à literatura, são publicadas mensalmente trovas de diversos escritores, a partir de uma palavra-tema comum, a qual ainda não estava decidida para o mês vindouro.

Me atrevi a sugerir: flor, florida, florada... dando continuidade à ideia de primavera. A sugestão florada foi aceita. E zupt! De imediato, me veio à mente a quadrinha que abaixo disponibilizo para todos vocês, devidamente ilustrada pela bela imagem de um Ipê Amarelo, árvore-símbolo de minha cidade natal (João Pessoa/PB). Espero que apreciem e visitem o Almanaque Primavera em Sampa para conferir tantas outras coisas bonitas. Abraços a todos, Tonton.

A primavera chegou
Trazendo bela florada
Que ele em mãos tomou
Para encantar a amada!


Em tempo: não me considero poeta, apesar de apreciar profundamente sonetos (que considero a forma ou estrutura sublime da poesia), pelo que esta tentativa de escrito nada mais é do que um atrevimento poético.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Plano Nacional do Livro e da Leitura - PNLL



No último dia 1 de setembro, foi promulgado o Decreto n. 7.559 que trata do Plano Nacional do Livro e da Leitura - PNLL, que, segundo o próprio texto legal, "consiste em estratégia permanente de planejamento, apoio, articulação e referência para a execução de ações voltadas para o fomento da leitura no País".
Dentre os objetivos do PNLL estão a democratização do acesso ao livro e o desenvolvimento da economia do livro como estímulo à produção intelectual e ao desenvolvimento da economia nacional.
Cabe-nos, então, mais que torcemos para que este Plano Nacional seja exitoso, colaborar ativa e efetivamente para a sua consecução, o que, sem dúvida, contribuirá decisivamente para a construção de um país mais justo e com igualdade de oportunidades para todos. Afinal, sabemos - desde há muito - que um país se constrói, também, com leitores capazes e conscientes, bem como com livros.
Para iniciarmos a caminhada, convido-os a conhecer o texto deste Decreto em sua íntegra, disponível aqui.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Preliminares da Fliporto



No próximo sábado, 27 de agosto, a partir das 17h, no Restaurante Beijupirá Olinda - Rua Saldanha Marinho, s/n Cidade Alta (acesso pela rua lateral da Igreja do Amparo, subindo para o Alto da Sé), terá lugar a Primeira Prévia Fliportiana. Na ocasião, ao lado do jornalista e escritor Mário Hélio Gomes (Coordenador do Congresso Literário da Fliporto), discorrerei sobre o processo de curadoria literária das Fliporto Criança e Nova Geração, braços do evento dedicados aos públicos infantis e juvenis, respectivamente, bem como a todos os amantes e interessados na literatura infantil e juvenil.

Além do momento literário, o Beijupirá - em comemoração ao seu primeiro aniversário em Olinda (ao todo já são 20 anos de uma belíssima trajetória gastronômica) - colocará à disposição de sua clientela um cardápio especial e, às 20 h, um momento musical com a Jazz Blues Band. Reservas pelos fones (81)3439-6691 ou 9734-1144

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Crítica Literária para "Trem de Histórias"



Histórias de Trem
(Neide Medeiros Santos – Crítica literária FNLIJ/PB)

Antigamente
via-se o trem
rasgando a paisagem verde
resfolegando cansado...

(Cláudio Limeira. Réquiem para Maria Fumaça)

Trem de histórias – Antologia de contos juvenis (Caki Books Editora, 2011) reúne textos de autores e ilustradores associados da AEILIJ – Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantojuvenil. Compreende contos, crônicas e poesias. O trem é o personagem fulcral dessas histórias.
Antonio Nunes (Tonton), um dos integrantes da antologia, é paraibano de João Pessoa, professor da UFPE e autor premiado de livros para o público infantil e juvenil. É coordenador regional da AEILIJ em Pernambuco.
Trem de histórias traz de volta as lembranças das viagens de trem pelo interior do Brasil. Algumas vêm revestidas de um tom nostálgico. “O trem que não se foi”, de Alessandra Pontes Roscoe, é um bom exemplo; “Um trem para as meninas”, de Antônio Nunes (Tonton), retrata o cotidiano de uma família e o presente dado à filha – um trenzinho todo artesanal feito de madeira. A antiga parada de trem “Estação Ponte D´Uchoa” é motivo para divagações; “Trem de infância”, de Cláudia Gomes, é um poema de sabor bem mineiro; o bonde, primo-irmão do trem, é destaque no texto de JP Veiga – “O trilho”.
São 20 histórias que transportam o leitor para paisagens que só podem ser desfrutadas em uma viagem de trem. Alguns textos remetem a conhecidos poemas: Manuel Bandeira – “Trem de ferro”; Ascenso Ferreira – “Trem de Alagoas”; Marcus Accioly – “do trem-de-ferro”; Joaquim Cardozo – “Última Visão do Trem Subindo ao Céu” e Cláudio Limeira – “Réquiem para Maria Fumaça”.
As bonitas ilustrações do livro começam com uma xilogravura de um trem Maria Fumaça na capa. Esta ilustração nos lembra o poema de Ascenso Ferreira – “Trem de Alagoas” – um trem deslizando nos trilhos, soltando fumaça. Compondo a paisagem, um cajueiro carregadinho de frutos. Em terceiro plano, avistam-se bueiros de antigos engenhos. É uma ilustração saudosista e muito poética.
Identifiquei-me com a crônica de Luiz Antônio Aguiar – “Esse trem que me falta na lembrança” (Trem de histórias, p.55). Como o escritor, não conheci o trem na minha infância. Nasci e passei os primeiros anos de vida em uma pequena cidade do interior do Rio Grande do Norte despovoada de trens e de trilhos. Sinto a nostalgia de não ter viajado de trem na fase da aurora da vida.
Quando ouve falar em trem, Luiz Antônio Aguiar confessa que escuta o tchu-tchu do seu coração e bate uma saudade muito grande. Ele se recorda das músicas de Milton Nascimento e das cidades históricas de Minas Gerais – Ouro Preto, o convento de Caraça, tudo ali parece parado no tempo.
“Minha primeira viagem de trem” é o conto de Rosana Rios. A viagem foi feita na adolescência com um grupo de amigos. O trem saiu da estação Júlio Prestes e rumou para Mairinque, corria a década de 70. E foi um passeio inesquecível. Na volta, arranjou um namorado, companheiro de viagem.
As viagens de trem foram responsáveis por muitos encontros e desencontros, lenços balançando ao vento nas despedidas, choro das pessoas que ficavam nas plataformas, saudades e coração partido naqueles que iam em busca de novas aventuras.
Simone Pedersen conta uma história do ponto de vista de um maquinista de trem, o título é “O condutor”. Um trem turístico parte da Estação da Luz e vai para Santos. A viagem é demorada, com paradas para apreciar a paisagem. O trem anda por trilhas sinuosas, invade a privacidade da mata, desnuda flores, plantas, árvores e quedas de água. Para o condutor, esta é a melhor viagem da semana. As pessoas vão para um passeio, transbordam felicidade, “vão salgar a alma na praia”.
Uma pesquisa sobre o trem na poesia brasileira, trabalho desenvolvido com os alunos de Literatura Infantil na UFPB, me levou a muitas descobertas e amenizou o vazio deixado por essa saudade esquisita e inexplicável do trem que não povoou a minha infância.
O livro “Trem de histórias” veio relembrar os poemas que deram margem à pesquisa e reviver um período que deixou boas lembranças, lembranças poéticas.

Nota: No jardim da sede UBE/PE, Rua Santana, bairro de Casa Forte, existe um vagão antigo de trem que funciona como biblioteca. O vagão está cheio de livros e de sonhos.

Fonte: http://nastrilhasdaliteratura.blogspot.com/2011/08/historias-de-trem.html

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Coisas mágicas


Por Antonio Nunes (Tonton)

Pijamas devem ser mesmo instrumentos mágicos. Quando vejo minha filhinha de pijamas, de imediato, me transporto para a minha infância, reavivando uma de minhas mais tenras memórias. Retorno aos já longínquos anos de 1974,1975 ou menos. E lá, me encontro ao colo de minha querida Dona Zefinha que, sentada ao tamborete, aguava a grama do jardim sob a luz do luar. Enquanto me segurava com uma das mãos e com a outra zigue-zagueava a mangueira para espalhar a água por todo o gramado, me contava histórias que povoavam o seu imaginário semianalfabeto, precioso imaginário que me fazia flutuar por tantos lugares e por tão agradáveis momentos em companhia de uma infinidade de personagens. Dali, daqueles sonhos vívidos, me conduzia à cama, para tomar lugar ao chão ao lado desta, onde continuava a sua incrível sessão de encantamento. Das histórias de “Camonge”, de Trancoso – que anos mais tarde vim saber se tratar de Trancoso, do autor, não da bela praia baiana – e dos contos de fadas adaptados pelo vocabulário de uma singela nordestina, fui conduzido aos livros. Muitos livros, por sinal, que entraram em minha vida para nunca mais sair. Foi neles, entre tantas descobertas, que encontrei Monteiro Lobato que me disse, em tom particular, que “Um país se faz com homens e livros”. Acreditei que aquela missão me era – e ainda me é – confiada. Afinal, pela leitura que eu reconhecia me modificar, encher de poderes a cada nova página vencida, eu me imaginava fazendo não apenas um país melhor, mas um mundo melhor. Então, certo dia, resolvi escrever meus próprios livros. E lá estava Lobato, outra vez. Desta feita, a me dizer que “Tudo é sonho ou loucura no começo”, mas que tanto já havia sido feito que não haveria por que se duvidar que não conseguisse, pois quase tudo na humanidade teria sido alcançado desta mesma maneira. E com tal força também acreditei nestas palavras que as cunhei como epígrafe na tese de doutoramento, imagem só – de Engenharia – que certa feita escrevi. Dizem-me, mal me recordo dessas remotas lembranças, que ainda de pijamas, nas manhãs de domingo, explorava as enciclopédias e os gibis, como se fossem parceiras de um mesmo gênero da literatura: a descoberta. Ao refletir a este respeito, compreendi que foi justamente aí que aprendi a viver tanto quanto possível desprovido de preconceitos, pois cada qual teve e tem sua importância na formação do neoleitor e do futuro escritor. E tudo o que eu mais queria, ou melhor, desejo, é que a minha filha tenha iguais oportunidades de descortinar o mundo. Mas como anseio por um mundo mais justo, mais igualitário, mais humano, não posso deixar de imaginar que este direito fundamental deveria ser integralmente cumprido ou atendido para todas as crianças de nosso imenso país. E não me dou por satisfeito quando ouço dizer que este direito deveria ser estendido a estas, pois este direito elas já têm, não há porque negar-lhes ou supostamente propiciar-lhes como algo adicional, porque, em realidade, não o é. Acredito, firmemente, no papel transformador que o acesso ao livro e à leitura pode propiciar aos jovens. Liberta-nos da solidão, alegra bem mais que a tristeza passageira e das emoções que nos invadem em certos textos – contundentes, emocionantes, verdadeiros e com tantos outros adjetivos bem próprios da boa literatura – e nos ensina tantas coisas: geografia, costumes, outras línguas, além de ajudar a consolidar o bem precioso da escrita, do vocabulário na língua pátria e tanto mais. A leitura é generosa provedora de quase tudo. Até que um dia dizemos para nós mesmos, que descobrimos como por encanto, de súbito, que temos um tesouro em mãos: sabemos nos expressar! E esta faculdade, acreditem, pode nos levar muito longe. Verdadeiramente por todo o mundo, como hoje estou aqui.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

AEILIJ na Fliporto



Prezados amigos,

É com satisfação que informo que a AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil), da qual sou o coordenador regional em Pernambuco, é apoiador institucional da Fliporto, na qual se fará presente por intermédio de seus associados em algumas das ações programadas para o evento, que terá lugar em Olinda no período de 11 a 15 de novembro vindouro.

Esperamos que esta frutífera parceria seja mais que duradoura.

Novos associados à AEILIJ, em especial em Pernambuco, sejam mais que bem-vindos!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Nova Diretoria Nacional da AEILIJ



Prezados amigos,

Hoje, 1o de julho de 2011, toma posse, para um mandato de dois anos, a nova Diretoria Nacional da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil (AEILIJ), sob o lema "Capacitação e Intercâmbio".

Segue abaixo a relação de todos os que compõem este maravilhoso coletivo:

Diretoria:
Presidente - Hermes Bernardi Jr.
Vice-presidente - Sandra Pina
Diretor Executivo - Dilan Camargo
1o. Secretário - Christian David
2o. Secretário - Thaís Linhares
Tesoureira - Laura Castilhos
Coordenação de Estética e Cultura - Alex Gomes e Marilia Pirillo
Coordenação Jurídica - Gabriel Lacerda

Conselho Consultivo:
Ana Maria Machado, Anna Claudia Ramos, Bartolomeu Campos Queiroz, Daniel Munduruku, Edson Daniel, João Luís Ceccantini, Pedro Bandeira, Luiz Antonio Aguiar, Maurício Veneza, Rogério Andrade Barbosa, Rosa Amanda Strausz, Rui de Oliveira e Vera Teixeira Aguiar

Coordenações regionais:
RS - Caio Riter e Jacira Fagundes
PR - Marilza Conceição
SP - Rosana Rios e Nireuda Logobardi
RJ - Anielizabeth e Sandra Ronca
MG – Bege (Bernardo Grossi)
PE - Antonio Nunes (Tonton)

Contamos com o seu apoio e melhores esforços para a continuidade das ações de nossa AEILIJ. Para saber mais, se associar e participar, clique aqui.

O blog de nossa regional em Pernambuco é http://lij-pe.blogspot.com

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nota da AEILIJ



A AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil) tomou conhecimento, através de uma nota no PublishNews, da participação da delegação brasileira no WIPO Standing Committee on Copyright and Related Rights (SCCR), promovido pela World Intelectual Property Organization, em Genebra, desde 15 de junho de 2011. Diz a nota, citando o presidente da Associação Internacional de Editoras, que “Ao invés de promover o modelo brasileiro, a delegação está tomando uma posição extrema contra editoras e contra os direitos autorais”. Se esta citação corresponde realmente aos fatos, causa-nos perplexidade e indignação. Tal postura caminha em sentido contrário àquilo que vem sendo manifestado pela Ministra da Cultura em seus pronunciamentos em defesa do artista criador, nos quais temos confiado e apoiado publicamente. Que representatividade pode ter uma delegação que, segundo a informação publicada, contraria tanto a posição do ministério quanto a dos autores?

Reiteramos nosso apoio à Ministra Ana de Hollanda e à defesa dos Direitos Autorais, e nos colocamos ao lado do IPA (International Publishers Association), no que se refere à manutenção das leis de direitos autorais e aos projetos de ampliação ao acesso à leitura de pessoas com deficiência visual, projetos de que nós, como autores, temos participado ativamente.

Pedimos esclarecimentos quanto à composição desta delegação e detalhes sobre seu posicionamento na WIPO. Ressaltamos ainda que, caso os pontos defendidos pela delegação brasileira em Genebra sejam realmente opostos àqueles que vêm sendo discutidos com o MinC, nossa associação reserva-se o direito de não reconhecer a representatividade da referida delegação. Solicitamos também as providências necessárias à correção de rumos, ou seja, que o posicionamento adotado pela delegação seja coerente com aquele que tem sido expressado pelo Ministério da Cultura.


Atenciosamente,

Anna Claudia Ramos
Presidente

Maurício Veneza

Vice-presidente

sábado, 28 de maio de 2011

Trem de Histórias - a primeira antologia da AEILIJ



Prezados frequentadores deste blog,

Tenho a imensa satisfação de anunciar, em primeira mão, a edição da primeira antologia da AEILIJ - Trem de Histórias, trazendo 20 textos e 20 ilustrações de 37 autores aeilijianos, que se uniram para realizar esse trabalho em prol da nossa querida Associação.

A bela capa foi criada sobre uma linda xilogravura da Nireuda Longobardi. O pra lá de competente gerenciamento do projeto coube ao cheio de energia Alex (http://alexandredecastrogomes.blogspot.com/)

O livro, direcionado ao público infanto-juvenil, contém contos, crônicas e poesias relacionados a trens, bondes e outros veículos que rodam sobre trilhos. A apresentação é da Anna Claudia Ramos (atual presidente da entidade).

Meu conto, Um trem para as meninas, conta com uma maravilhosa ilustração da também pernambucana Kika Suassuna e tem a companhia de Tem uma barata no trem!, de Alex, Trem dos unicórnios, de Zé Zuca, Resgate, de Alina Perlman, Minha primeira viagem de trem, de Rosana Rios, A noite dos cometas, de Adriano Messias, O condutor, de Simone Pedersen, Esse trem que me falta na lembrança, de Luiz Antonio Aguiar... e muitos outros. Somos autores do Rio, São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, e até de – passagem por – Cabo Verde, na África!

Os ilustradores, entre eles: Fabiana Salomão, Laz Muniz, Mauricio Veneza, Márcia Széliga, Sandra Ronca, JP Veiga, Cris Alhadeff (que ilustrou uma crônica da Eliana Martins) e outros craques das cores, abusaram da criatividade e contribuíram com ilustrações em nanquim, xilogravura, computador, lápis de cor, aquarela, spray, canetinhas, técnicas mistas... O livro está bom demais!

Trem de Histórias sairá em junho pela Caki Books (http://www.cakibooks.com.br/) e poderá ser comprado através do site da editora, e nas lojas Gato Sabido e Amazon, nos formatos e-book e impresso com capa dura!

Eis os aeilijianos responsáveis pelo sucesso do projeto:

Adriano Messias - Alessandra Pontes Roscoe - Alexandre de Castro Gomes - Alina Perlman - Ana Cristina Melo - Angela Leite de Souza - Anielizabeth - Antonio Nunes (Tonton) - Bia Salgueiro - Carla Pilla - Claudia Gomes - Cris Alhadeff - Danilo Marques - Eliana Martins - Fabiana Salomão - Felipe Vellozo - JP Veiga - Kika Freyre - Laz Muniz - Luiz Antonio Aguiar - Marcelo Queiroz - Márcia Széliga - Marilza Conceição - Mauricio Veneza - Monika Papescu - Naná Martins - Nilza Azzi - Nireuda Longobardi - Regina Gulla - Roney Bunn - Rosana Rios - Sandra Ronca - Sandro Dinarte - Simone Bibian - Simone Pedersen - Soraia Ljubtschenko Motta - Zé Zuca

A AEILIJ (http://www.aeilij.org.br/) é a Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil. Tem regionais espalhadas por diversos estados do Brasil e funciona através de ações voluntárias de seus participantes.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Comidinhas de vovó...



Lembro-me bem de quando eu, ainda muito pequenina, precisava do auxílio de um tamborete para alcançar e apoiar-me no balcão da cozinha da casa de minha avó. Era um festival para os sentidos todas as vezes que eu me aproximava para observá-la cozinhar. O gostoso cheiro do alho pilado com o sal, a pimenta do reino finamente moída e a pitada de cominho que, segundo ela, era apenas para dar um cheirinho e um leve sabor na comida, pois não podia passar do ponto, senão botava tudo a perder. Tinha o colorífico de Urucum, que conhecíamos por colorau, a páprica e até o curry, cujo nome somente aprendi a pronunciar corretamente alguns anos mais tarde, quando já frequentava as aulinhas de inglês. Ah, não podemos esquecer da canela, em lascas e em pó, do cravo da índia e do leite de coco, que acabara de ser ralado manualmente com o ralador preso sob as coxas. Quanta saudade!
Não era à toa que o meu avô dizia que as três melhores coisas da vida eram o almoço em família, a sonequinha depois da refeição e acordar, ao cair da tardinha, com os dengos de minha avó, dizendo-lhe:
– Acorde, vá, meu velho, senão não vai restar sono para a noite! – e ela sabia bem o que dizia.
Quando acontecia dele adormecer e perder a hora de despertar, por ela não estar em casa para acordá-lo na hora devida, logo mais, quando feita a madrugada, ele perambulava pela casa, para lá e para cá, sem encontrar motivo para conseguir retomar o sono, face a tê-lo saciado na tarde anterior. E no dia seguinte, ai de nós: mal-humorado pela noite mal-dormida, sem dúvida, todos encontraríamos o seu mal-humor.
O cheiro da cebola dourando e da carne assando na panela resplandecia casa afora. O queijo de coalho na chapa e em finas fatias para gratinar os famosos escondidinhos de minha avó. E o feijão de caldo grosso que ela fazia?! Vixe! Nunca comi outro igual. Um verdadeiro segredo de família. Imbatível quando acompanhado da farofa de cuscuz de milho feita na manteiga de garrafa. Deus do céu! Chega a dar até fome só de lembrar de tanta gostosura. E ainda tinha as sobremesas: doce de goiaba e de jaca em calda – os meus preferidos, mamão com coco – outra delícia, compota de caju e de banana – em rodelinhas, indispensáveis! E os sucos de frutas?! De graviola – o preferido da mamãe, de mangaba – o preferido do papai, o de manga – o preferido de meu irmão e o de pitanga – o preferido de minha irmã. O meu preferido? Todos eles! E repetidas vezes, com bastante gelo, é claro. Ai, ai, é de dar água na boca e de fazer funcionar a memória depositada nas papilas gustativas.
E antes de se terminar a refeição com o famoso licor de jenipapo – proibido para os menores, tinha que ter o bolo de milho ou de laranja acompanhados de finos biscoitos de goma e um café quentinho, coado na hora! Ê, já não se faz banquetes como estes, de juntar toda a família para conversar ao redor da mesa com tanta frequência como antigamente. Mesmo assim, quando é possível, em um sábado ou domingo qualquer – não precisa ser uma data especial não, mas se for, melhor – toco o telefone convocando, de véspera, um por um e aviso em tom de cumplicidade e de satisfação:
– Amanhã vai ter aquele almocinho, aqui na casa da vovó e vocês estão todos convidados!

Receitinha básica de escondidinhos:

Unte levemente o fundo de uma tigela retangular de vidro (ou, de preferência, de cerâmica) com manteiga. Deposite uma camada de purê de macaxeira (aipim). Intercale porções em cubos bem pequenos de carne de sol ou de charque (carne seca ou jabá) fritas em cebola dourada em pedaços menores ainda. Se preferir, poderá desfiá-la. Repita todo o processo, cobrindo com uma última camada de purê. Por fim, por cima de tudo, cubra com fatias generosas de queijo de coalho. Regue com um pouco de manteiga de garrafa (pode ser derretida mesmo, se não tiver a legítima à disposição), cubra com papel alumínio e leve ao forno para gratinar. É simples e gostoso. É de “lamber os beiços”, como dizemos por estas bandas de cá. Ah, não se esqueça de dar um toque final: decore com raminhos cheiro verde! E você também pode variar de acordo com o seu gosto: introduzindo camadas de requeijão, por exemplo. Experimente e me diga o que achou...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Jornal do Commércio, Recife, 18 de maio de 2011



Prezados, esta notícia de divulgação de um evento sobre literatura infantil e juvenil (LIJ), do qual participarei na FAFIRE (uma tradicional faculdade local), saiu hoje, 4a feira, 18 de maio de 2011, na p. 5, Caderno C (Cultura), do Jornal do Commércio.

A minha participação será no Café Cultural com escritores, que terá início as 17h, desta 6a feira, dia 20 de maio.

Abraços a todos, desta terra de frevo, maracatu e muita LIJ, Tonton

Visitem, também, http://lij-pe.blogspot.com/

sábado, 30 de abril de 2011

Tonton na Fli-Guara



Na manhã deste sábado, 30 de abril, tive a satisfação de realizar o lançamento dos meus livros infantis "O aprendiz de Don Juan" e "A visão do mundo de um cãozinho de estimação", na I Fli-Guara (Feira Literária de Jaboatão dos Guararapes), que teve lugar no mirante dos Montes Guararapes - de onde se tem uma bela vista do Recife e de Jaboatão - e que acolheu a Varanda sobre o Atlântico, espaço especialmente preparado para uma série de atividades desta feira literária. Apesar da chuva, o estande da Editora Bagaço estava repleto de visitantes.

Os Montes Guararapes, em verdade, integram o chamado Parque Histórico Nacional dos Guararapes, onde foi erguida a secular Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, após batalha que marcou a expulsão dos holandeses, no século XVII, pelo que se diz que justamente lá nasceu a pátria brasileira (ou o ideário da pátria brasileira, que veio a culminar com a nossa independência, tempos depois). Vale a pena a visita a todo o PHNJ.

Quanto à feira em si, tudo muito bonito, bem cuidado, com muito capricho. Tenho certeza de que este é mais um evento que veio para ficar no cenário e no calendário literário de Pernambuco. Vida longa ao Fli-Guara! Minha admiração e sinceros parabéns aos organizadores do evento, cuja programação completa pode ser revisitada em http://www.fliguara.com.br/

terça-feira, 19 de abril de 2011

Vice & Versa de Abril de 2011



Prezados amigos,

Convido-os a conhecer um pouco mais de minha trajetória literária, assim como da amiga e escritora Cléo Busatto (PR), em breve entrevista recíproca que foi publicada no blog da AEILIJ-SP, e que pode ser acessada no link http://aeilijpaulista.blogspot.com/2011/04/vice-versa-de-abril-de-2011.html

É sempre muito legal conhecer um pouco mais de colegas criadores de literatura infantil e juvenil.

Abraços a todos, desta terra de frevo e de maracatu, Tonton.

sábado, 16 de abril de 2011

Tudo gira...



Desde muito pequeno me encantei com estes movimentos giratórios que dominam o mundo. Meu brinquedo preferido era o pião. Na festa da padroeira eu passava horas no carrossel, assim como no parquinho da praça perto de minha casa, onde ia brincar quase todos os finais de tarde, e também naquele que havia nos jardins da primeira escola. Lembro-me bem que era brincando nele que eu passava os intervalos entre as aulas e enquanto aguardava o meu pai ou a minha mãe chegarem para me buscar. E bem que eu resistia, pedia sempre para brincar só mais pouquinho...
Bastava algo girar ao redor de um eixo e lá estava eu a admirar. Foi desse jeito que surgiu a minha primeira paixão platônica de pré-adolescente, ao me extasiar com o rodopio da colega de turma que se mostrou exímia bailarina em uma apresentação no teatro do colégio num desses festivais de final de ano. Eu era toda timidez e não consegui declarar o meu querer. Entretanto, como marcado pelo destino, o amor por ela ressurgiu anos mais tarde quando nos reencontramos em um carnaval, quando eu, caminhando a esmo pelas ladeiras de Olinda, trazia nos braços um estandarte solitário e ela fazia maravilhosos passos acrobáticos empunhando uma mágica e colorida sombrinha que, sob seu comando, girava no ar para cá e para lá.
Não deu outra. Caímos de quatro, literal e reciprocamente após muitas horas de frevo. Sorrimos, cansados, mas de mãos dadas. Daquele dia em diante, renovamos juras de amor em muitos bailados e bailinhos, até o dia em que a pedi em casamento em meio a uma ciranda. Ela largou tudo e rodopiou livre dependurada em meu pescoço, com as pernas recolhidas em pleno ar.
Tudo ia bem, muito bem entre nós, até o dia em que aquela estranha obsessão falou mais alto. E parti! Ela chorou, chorou, mas se conformou. Aqui estou eu, em plena estação espacial em órbita da Terra, morrendo de saudades dela, indescritivelmente linda, como nenhuma outra coisa neste Universo, em toda sua majestade, a girar!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Lançamento - 30 de abril de 2011



Prezados amigos,

Tenho a satisfação de convidá-los para o lançamento dos meus livros "O aprendiz de Don Juan" e "A visão do mundo de um cãozinho de estimação", ambos agraciados com o Prêmio Elita Ferreira de Literatura Infantil, outorgado pela Academia Pernambucana de Letras e sob o patrocínio da Editora Bagaço.

Este lançamento toma parte no FLI-GUARA, evento dedicado a literatura, promovido pela Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes e que terá lugar no histórico Morro dos Guararapes, de 28 de abril (5a feira) a 1 de maio (domingo). O festival contará com palestras, oficinas, feira de livros, lançamentos, atividades para a criançada e muito mais.

Aguardo sua presença. Abraços a todos e até lá, Tonton.

Lançamento:
O aprendiz de Don Juan e A visão do mundo de um cãozinho de estimação
Autor: Antonio Nunes (Tonton)
Quando? 30 de abril de 2011 (sábado), às 10 horas.
Onde? Morro dos Guararapes - Jaboatão dos Guararapes/PE

quarta-feira, 23 de março de 2011

O galo mais vaidoso que já existiu





Assim que ele nasceu, disseram-lhe que ele estava predestinado a ser o galo-chefe do galinheiro. Aquele que tem por ocupação acordar toda a vizinhança ao anunciar o raiar do sol, a chegada de um novo dia. E ele vivia todo gabola, desde tenra idade, afinal daria continuidade a uma longa tradição de sua linhagem, de seus antepassados de quem se orgulhava incomensuravelmente. Ah, ele também ficava todo feliz por dizer essa palavra grandona aí, de um fôlego só e sem gaguejar. Nem sei se ele sabe que o que ela significa é “sem medida”. Isto é, algo de tão grande que fica mais que difícil, chega a ser quase impossível de se medir, de se colocar tamanho.
Ele se chamava Álvaro, mas era conhecido como Alvinho desde pequenininho. Era da família daqueles que cantavam ao alvorecer, que significa a mesma coisa que nascer do dia.
Até que, em um belo amanhecer, enfim, se aproximou o momento dele soltar a voz, de assumir para todo o sempre o posto que acreditava estar para si reservado, que seria seu de pleno direito. O grande dia havia chegado. O dia em que ele estrearia na função de despertador do mundo. Pelo menos era isso que ele imaginava. Penteou cuidadosamente cada uma de suas penas, arrepiou impecavelmente a crista e decidiu fazer um último acerto vocal. Mas, para tanto, para que pudesse emitir o mais belo som jamais ouvido de um galo, se pôs a gargarejar por repetidas vezes, incessantes vezes.
- Gorogogó, gorogogó, gorogogó... - foi tudo o que se ouviu por alguns minutos.
Afinal, ele estava ansioso para ouvir de todo o galinheiro elogios por sua cantoria. Ele tinha a convicção de que o espetáculo daquele dia seria inigualável. Enquanto gargarejava, sonhava acordado com a sua consagração e com os estímulos de todas as ordens que lhe seriam destinados.
Entretanto, ele se demorou tanto, tanto, que lá de um cantinho, ainda no poleiro, para não perder do sol nascente o brilho e o encanto e também para não deixar passar a oportunidade que tinha a certeza de que jamais se repetiria, um pequenino galinho tomou coragem e cantou:
- Co co co ri cóóóóó...
E todo o galinheiro aplaudiu e elogiou o dia inteirinho o canto do galinho, que acabou sendo convidado para repetir diariamente a sua apresentação. Por lá, ninguém falava em outra coisa a não ser naquela grata e inesperada surpresa de ouvir da minúscula criatura um canto em tão perfeita afinação.
Alvinho se desesperou e ficou irremediavelmente triste por dias seguidos, mas não teve jeito. Toda a vizinhança, não só o galinheiro, estava encantada com o canto do galinho.
Enfim, quem mandou ele ser tão vaidoso e contar com a omelete no prato antes mesmo de ter os ovos em mãos?
E quem disse que galo bota ovos?
Ih, que confusão... Acho que seria interessante a gente pedir ajuda a alguém para podermos entender melhor a situação, não acha? Sim! Não? E então, você mesmo saberia me dar uma explicação? Diz aí, qual a sua compreensão para a história que acabamos de ler?

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os Direitos Inalienáveis do Autor




OS DIREITOS INALIENÁVEIS DO AUTOR

(Angela Leite de Souza)

Não foi à toa que muita gente ficou apreensiva quando surgiram os primeiros livros digitais baixáveis por qualquer um que dispusesse de um computador ou outro “gadget” similar. Em pouquíssimo tempo, o que era uma coisa do outro mundo tornou-se quase banal para quem está mais ou menos familiarizado com a internet e as múltiplas formas de acessá-la. Porém, como toda evolução muito rápida, esta atropelou de certo modo a respectiva regulação jurídica. Trocando em miúdos: é fácil e relativamente barato ler um e.book, mas não é simples resguardar os direitos de seus autores.
Se nos países que saíram na frente ainda não se encontrou a melhor solução, no Brasil o assunto é apenas uma parte de problemas legais mais amplos. É que, diante da nova realidade, o Ministério da Cultura entendeu de reformular a lei de direitos autorais existente. A pretexto de democratizar o acesso aos bens culturais, gastaram-se R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) na elaboração de um anteprojeto de lei que acabou se tornando o tema de uma polêmica nacional.
O texto foi aberto para consulta pública no site do MinC, no final do ano passado. E continha, entre outras excrescências, um artigo cujo parágrafo único chocou de modo particular os autores (escritores, ilustradores, músicos) pelo país afora. Eis a “pérola”:
“(Art.46)...
Parágrafo único - Além dos casos previstos expressamente neste artigo, também não constitui ofensa aos direitos autorais a reprodução, distribuição e comunicação ao público de obras protegidas, dispensando-se, inclusive, a prévia e expressa autorização do titular e a necessidade de remuneração por parte de quem as utiliza (os grifos são meus), quando essa utilização for:
I - para fins educacionais, didáticos, informativos, de pesquisa ou para uso como recurso criativo; e
II - feita na medida justificada para o fim a se atingir, sem prejudicar a exploração normal da obra utilizada e nem causar prejuízo injustificado aos legítimos interesses dos autores.”
Descontadas a imprecisão e a dubiedade, tratava-se da simples usurpação de um direito que está gravado, inclusive, na Constituição da República, como cláusula pétrea. E é lógico que a repercussão foi forte e imediata: choveram críticas, sugestões, opiniões no site do Ministério. Não se sabe o quanto desse material foi aproveitado, pois o anteprojeto seguiu diretamente para a Câmara e só deveria ser divulgado em abril próximo, depois de votado. Porém, a nova ministra da Cultura, Ana de Hollanda, determinou que fosse devolvido a sua Pasta, para reexame – medida duramente criticada por aqueles que parecem não ter a mínimo conhecimento da realidade de um autor.
Como qualquer outro profissional, ele tenta viver dignamente de seu trabalho, que é diário e árduo. Para fazê-lo com qualidade, prepara-se anos a fio, quer estudando, pesquisando, informando-se, quer na prática cotidiana. Corre atrás de editoras para apresentar seus projetos, investe tempo e dinheiro numa contínua batalha para fazer seu nome e obter seu espaço no mercado. No caso dos escritores, por exemplo, depois de publicado o livro, o autor ainda irá fazer um trabalho paralelo de divulgação, dando oficinas, proferindo palestras, visitando escolas, frequentando bienais, participando de feiras, mesas-redondas, seminários...para ter seu lugar ao sol. Enfim, seja ele autor de textos ou imagens, acomodação é uma palavra que esse profissional não conhece. Mesmo porque, o que ele aufere da venda são apenas (de modo geral) 10%. No caso dos ilustradores, quando se concede esse tipo de participação, o máximo que obtêm são 5% e, mesmo assim, normalmente retirados da porcentagem do escritor. Quanto aos compositores, é mais que sabida sua luta para garantir a percepção de seus direitos autorais no Brasil, situação agravada quando a facilidade de baixar músicas na internet (leia-se pirataria) praticamente reduziu seus horizontes financeiros a shows e turnês.
São todos esses criadores os responsáveis por uma cultura tão rica quanto heterogênea. Buscam, tanto quanto possível, viver somente de suas criações. E têm de ser protegidos por uma legislação justa, que não lhes retire o direito que faz deles profissionais, mas mantenha os “ônus” na conta dos que detêm a parte maior do bolo. Tomara que a nossa nova ministra da Cultura tenha determinação e vontade política bastante para, como ela mesma já declarou em entrevista, garantir os direitos trabalhistas da classe.

Website: http://www.caleidoscopio.art.br/angelaleite
E-mail: angelaleitedesouza@yahoo.com.br

sexta-feira, 11 de março de 2011



Exma Sra. Ministra da Cultura,

Como professor universitario e autor de livros tecnicos sempre pautei minha vida pela defesa dos DAs, que nos eram expropriados pelas copiadoras e por defensores desta pratica que afirmavam tal ser necessario em razao dos altos precos dos livros no Brasil. Pois bem, agora querem nos privar completamente deste direito de criacao. Creio que tais pessoas nao tem ideia do esforco e das horas necessarias para a elaboracao de um livro tecnico. Para cada um destes sao cerca de 2 anos inteiros de trabalho ou mais.

Como autor de livros infantis, em prosa e verso, creio que somente a minha esposa e minha filhinha – de quem por diversas noites me afasto para produzir – sao testemunhas de igual dedicacao para que estes sejam concluidos adequadamente, com rimas e perfeicao gramatical, bem como cumpram o papel instrutivo a que me propus por seu intermedio.

Minhas reverencias e meu integral apoio as suas palavras. Conte comigo em sua caminhada.

Prof. Dr. ANBFilho

quarta-feira, 9 de março de 2011

Questão de dom...




Por Antonio Nunes Barbosa Filho (engenheiro por formação, professor universitário por vocação – com doutorado em sua área de atuação – e escritor por paixão, que trabalha arduamente todos os dias, que acredita que ter coragem para trabalhar incessante e constantemente é um dom, e que, infelizmente, ainda não encontrou uma alma extremamente caridosa que diga para ele descansar um pouco, pois esta, com um grande sorriso nos lábios, daqui pra frente, irá gentilmente pagar regularmente algumas de suas contas).


Já que estamos falando de doação, de algo que vem de graça, sem esforço, avisem aí que vou me colocar em posição de espera, afinal já descobri os meus dons: dar aulas, boas aulas, por sinal, o que se revela nas repetidas homenagens semestre após semestre e na capacidade de transmitir conhecimento ou inventar histórias em meus livros infantojuvenis. E tudo, de pronto, se resolverá... Sei não, mas como dizem, acho que vou acabar me acomodando...

Confesso que cheguei a ficar feliz quando alguém me falou que o mundo finalmente estaria entrando em uma nova fase de prosperidade e de compartilhamento integral de benesses para toda a humanidade. Quase vibrei com a notícia! Apesar de meus cabelos brancos ainda guardo no olhar a esperança de uma criança que aguarda ansiosa por um mundo mais justo, mais solidário, no qual milhares de crianças não passem frio e, tampouco, fome.

Contaram-me que um sujeito cheio de boas intenções, vindo lá de Harvard, renomada universidade americana, veio com uma teoria bonita, daquelas que enchem os ouvidos da plateia e os olhos daqueles que fazem questão de não ver, dizendo que daqui pra frente tudo vai ser diferente. Que cada ser humano vai contribuir com o melhor de si em prol da humanidade. E eu, como não podia deixar de ser, fiquei super feliz, afinal sempre soube – ou fizera questão de acreditar – que todas as pessoas, sem uma única exceção, têm um dom que transformará as suas vidas e, com alguma sorte, a vida das outras pessoas. O que falta para cada um de nós é justamente descobrir este dom.

Que bom saber que os maravilhosos jogadores da NBA americana, que têm o magnífico dom da mão certeira, irão dividir os ganhos de seus altos salários com as famílias pobres dos EEUU, que ainda passam fome e não têm seguro-saúde. Que bom saber que os estupendos jogadores das ligas milionárias de futebol espalhadas por todos os continentes do mundo, que têm o fenomenal dom dos dribles sensacionais, das arrancadas insuperáveis e dos gols arrebatadores, irão compartilhar suas casas com os sem-teto de todo o mundo, que não mais irão fazer festas extravagantes, mas que irão destinar os recursos que seriam gastas nestas para o estudo de um sem número de doenças que insistem em se abater sobre populações do mundo inteiro. Que bom saber que os estupendos atores de Hollywood e de outras metrópoles cinematográficas não mais irão gastar seus cachês “trilhardários” com suntuosas casas com muros cobertos de placas do tipo “Caiam fora, aqui vocês não são bem-vindos!”, mas que irão destiná-los, integralmente, a restaurantes populares nas regiões mais pobres do mundo, colocando anúncios bem visíveis “Por gentileza, venham saciar sua fome!”.

E, pelo que me contaram, este senhor de Harvard, acadêmico freelancer (como dizem que ele mesmo se define), ainda defende a total extinção do direito de propriedade intelectual, dos direitos de autor aos relacionados às patentes, sob a égide de que nada mais somos de que meros usuários do conhecimento acumulado ao longo da história da humanidade.

Nisso ele tem razão, tenho que concordar. O mundo seria bem mais justo se todos nós, seres humanos, pudéssemos usufruir de maneira igualitária do conhecimento gerado por toda a humanidade. Seria a sublime realização humana. Não haveria desigualdade entre países e entre povos e também não haveria consumo excessivo em alguns e ínfimo em outros. Realmente entraríamos em um horizonte de sustentabilidade, de plenitude, de uma verdadeira aldeia global. Seria o máximo, não seria? Mas como será que ele vai convencer os seus compatriotas que são os mais ferrenhos defensores dos direitos de criação, que alardeiam aos quatro ventos que os países que não respeitam as Convenções a respeito da Propriedade Industrial não merecem um lugar ao sol? Puxa, e eu que tanto me esforcei para defender o conhecimento desenvolvido na universidade em que trabalho, quando fui seu Coordenador de Transferência de Tecnologia... Acho que este cargo ficará para sempre vago, não tem mais razão alguma de existir. Por fim ou enfim, tudo será de todos. A humanidade será realmente uma e indivisível em matéria de riqueza material.

No mais, me parece que todo o discurso dele se assenta em um pretenso dom. Um dom insustentável. Creio que seja devido a fraqueza ou a franqueza de se definir como acadêmico “frila” (mas será que é do tipo “frila” contratado?) que o coloca em tal saia justa. É, ele tenta, mas não tem nem mesmo este dom, o dom de iludir. Por que, em verdade, em verdade, ninguém em sã consciência acredita que tudo isso tão lindo que ele alardeia terá lugar, não é mesmo? E olha que já faz quase três décadas que ele plantou a semente desta ideia lá nos States, quando publicou o livro “A Dádiva”, em 1983. Parece mesmo que o senhor Lewis Hyde se perdeu no tempo. E não sei bem por que, nestas terras tupiniquins, querem fazer vingar as suas ideias. Seria com algum intuito de vingança? Ou teria sido por alguma desilusão?

Por falar nisso, O dom de iludir é o nome de uma das mais belas músicas do cancioneiro popular, de autoria de Caetano Veloso, a quem devemos, nesta composição, reverenciar por sua atividade criadora em homenagem às mulheres. E na voz de Gal Costa - ainda guardo comigo um LP novinho em folha - é simplesmente sublime! Vale a pena ouvir, no original.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Aplausos para a Ministra Ana de Hollanda





Meus aplausos à Ministra Ana de Hollanda que de maneira corajosa se coloca ao lado dos autores nacionais. Em sua entrevista ao jornal O Globo, ela assim se expressa: "Se o criador, seja das artes gráficas, música, literatura, dança, fotografia ou de qualquer outra área perder o direito de receber pelo seu trabalho, vai viver do quê? Temos que entender isso como uma profissão, é quase uma questão trabalhista. O público da internet não paga pelos provedores, pelos softwares, pelas telefônicas para baixar estes produtos? Por que não vai pagar ao autor do conteúdo, o elo mais fraco em meio a todas essas ferramentas todas". Reflitam a esse respeito e veja o valor do que pagam e o que recebem. Por exemplo, no último domingo, quando soube do falecimento do querido Moacyr Scliar, tentei enviar a sua família um telegrama fonado. Não pude fazê-lo desde a minha residência, pelo simples fato da empresa telefônica, que vende o serviço de acesso integrado, não tem convênio para tanto com os Correios. Tive que esperar até o outro dia para fazê-lo de uma agência da ECT. E não nos avisam em nada destas impropriedades. E sem falar do serviço de telefonia móvel, dos mais caros e piores do mundo. Afinal, se todos querem acessar e copiar os meus livros, quem vai pagar as minhas contas? Acharia justo liberar os custos do meu provedor, da companhia telefônica etc, para voltarmos à época do escambo, cada qual com sua produção por suas necessidades. E tem gente que só faz consumir e nada devolve para a sociedade. Exemplos no Brasil não faltam. Autor não é brinde! Reverências, senhora Ministra. Tem todo meu apoio. Incondicional!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Adeus, Mestre!




Que saudade de tua gentileza, de teu exemplo de generosidade e de tua atenção sempre presentes, Mestre. Obrigado pelo carinho, pelas palavras de incentivo e por me ensinar tantas coisas em pequenos gestos que me revelaram toda a tua grandiosidade. Peço desculpas por não ter enviado a ti o bolo de rolo para o teu último Natal entre nós. A mensagem está lá, em teu correio eletrônico, mas creio que não tivestes oportunidade de lê-la. Gostaria de ter adoçado o teu paladar, pequenos momentos de tua vida, como fizestes comigo. Mas, eu não quis te incomodar, tal como na Fliporto aqui em Recife, no ano passado, quando interrompestes o manjar para me atender e abraçar, como havias prometido. Voltarei aos teus livros, àqueles que ainda não tive tempo para ler e, aos outros, para rever as dedicatórias e todas as mensagens que me enviastes. Para sempre irei guardá-los, pois bem sei que a cada releitura me servirão de nova lição de vida. Adeus, Mestre, adeus querido Mestre! Teu eterno aprendiz.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A quadrilha do pão de queijo...




Dispõe o Código Penal Brasileiro, em seu art. 288, que bando ou quadrilha é a associação de três ou mais pessoas com a finalidade de cometerem crimes, que têm lugar de forma continuada, com a permanência do vínculo associativo original. A formação de quadrilha é uma causa de aumento da pena para o crime realizado por este coletivo, sendo esta de reclusão de um a três anos.

Calma, não se trata de nenhum crime que vai acabar em pizza, a quadrilha do pão de queijo é apenas a história de um grupo de ratazanas que rouba alguns pães de queijo de uma maravilhosa padaria... Em ilustração!