segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Sensibilidade em flor

Altamirando era um cara que tinha tudo para dar certo com as mulheres. Era sensível, cultivava flores e gostava de presenteá-las àquelas. Não raro recebia cartões de amor, bem mais que meros agradecimentos. Alguns eram verdadeiras seduções em palavras. Mas, as palavras, era algo que ele sabia manipular magistralmente. Talvez em razão de ter sempre em mãos livros dos melhores poetas nacionais e, não raro, dos maiores do mundo. Muitos deles premiados com o Nobel e outras premiações menores, entretanto não menos importantes. E uma delas, das agraciadas com a sua gentileza, acreditou firmemente que lhe conquistara o coração. E então, dedicara-lhe todas as atenções, nunca mais voltando o olhar para outro espécime do sexo masculino.
Ele, como sempre, costumeiramente lhe oferecia flores acompanhadas de pequenos bilhetinhos. Poéticos, é claro!
Um dia ela fez aniversário. Ele enviou-lhe flores e um cartão desejando-lhe que vivesse em um jardim. Outro dia ela adoeceu. Ele enviou-lhe mais flores e o desejo de que tivesse muitas primaveras em seu viver. Restabelecida, ela não suportou mais conter sua paixão e foi ter com ele. De súbito, faleceu. Dizem que enfartou ao saber que somente receberia dele não mais que flores e algumas palavras de gentileza.
E ele não perdeu a oportunidade. Enviou-lhe as últimas flores, de despedida e o bilhetinho:
- Enfim, adubo!




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