
Para um amigo que sofreu com a frieza
das terras germânicas...
Por Antonio Nunes
Como filho de diplomatas, tive a oportunidade de conhecer muitos países, seus povos e seus costumes. Alguns dos quais indescritíveis, como aqueles das Ilhas do Pacífico Sul. Mesmo que eu os conseguisse descrever com toda a riqueza de detalhes que eu pudesse fazer, ainda assim vocês diriam que não passavam de uma intensa alucinação de minha mente após experimentar alguns destes chás transcendentalizantes que existem aos montes por estes rincões distantes –ou nem tanto – do mundo.
Mas uma das coisas mais incríveis que já presenciei foi a incrível força e habilidade demonstrada pelas garçonetes dos festivais de cerveja na Alemanha. Por favor, façam as contas comigo: são, por vezes, doze, isso mesmo, doze canecas de 500 ml completamente cheias, em cada uma das mãos. Só aí já vão mais de seis quilos por mão, fora o peso das próprias canecas que, em conjunto, devem resultar um mínimo de dez quilos em cada um dos punhos, que não se deixam esmorejar ou abater mesmo depois de servir bebidas por quatro horas ininterruptas.
Em um destes festivais tive a felicidade de conhecer Hanna, uma senhora de seus 45 anos, que ostentava o invejável título de suportar incríveis 26 canecas por mão. Haja mão! Era uma verdadeira pirâmide de canecas, uma sobre as outras, que ela fazia questão de desfilar por todo o salão, para ir servir justamente as mesas mais afastadas do balcão... Era uma incorrigível exibicionista!
Frequentando o local todos os dias, acabei me aproximando dela e conheci a sua bela filha: Herta. Uma maravilhosa loirinha, de lindos e cintilantes olhos azuis, cinturinha fina e marcada pelo avental xadrez, vermelho e preto, que todas as garçonetes usavam por sobre o belo vestido típico. Ah, e ela era dona de um sorriso estarrecedor... Os mais jovens, como eu, tremiam só de vê-la passar e em nossos banhos em água fria que o velho aquecedor da pensão para estudantes não conseguia aquecer nos dias mais frios...
Pois bem, permanecendo na cidade a estudo por alguns meses acabei descobrindo de onde vinha tanta destreza, habilidade e firmeza nas mãos daquelas cidadãs. Sabe como é, né? Juventude, hormônios à flor da pele... Ela não quis um envolvimento mais sério, nada duradouro, sabia que eu me mudaria dali a alguns meses para uma outra localidade.
Alguns anos depois soube que ela se candidatara e fora eleita pelo Partido Liberal para o Parlamento nacional, valendo-se do carinhoso apelido que lhe concedi em certa ocasião. Ela não entendia de que se tratava, mas compreendia perfeitamente a inspiração. E creio mesmo que tão adequada alcunha dera-lhe muita sorte...
Sabe qual o lema da campanha dela?
Vote em “FRAUnheta” – que põe mãos à obra, com toda a dedicação!
Com tanto empenho, impossível não ser eleita. Não é verdade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário