Por Antonio Nunes Barbosa Filho (Tonton)
Como de praxe, no segundo sábado do mês, Jacintinho se
reunia com os amigos de infância para a cervejinha após a pelada do fim de
tarde. Para muitos aquele encontro soava como uma alforria temporária, enquanto
as esposas se deliciavam nas gastanças nos shoppings da cidade. Mas isso não
incomodava o ponta direita da rua de cima, tampouco não ter conseguido fazer
uma jogada correta naquele dia. Nem um cruzamentozinho só. Nadica de nada...
Ele estava mais que para baixo era com as incessantes pendengas entre a patroa
e a mãezona. Entretanto, o que ele não suportava mesmo eram os também incessantes
elogios da genitora para o consorte da irmã mais nova. Era uma preciosidade
aquele genro. A filha tirara a sorte grande ao casar com aquele rapaz. Era o
orgulho entre todos os agregados à família, fazia questão de espezinhar abertamente
a matriarca.
Foi então que, sabe como é, né?!? Uma cervejinha vai, uma
costelinha vem... e um espírito de porco vem com uma ideia de jerico: - Meu
dileto amigo, quer dar um jeito nessa chateação, um grande susto na coroa? –
perguntou-lhe Rubão. Como julgava não ter mais nada a perder, ele acatou a sugestão,
ou melhor, a aposta.
No dia seguinte, diante de toda família, pleno almoço de domingão
a servir, chega Jacintinho em nova companhia.
- Mãe, quero te apresentar Lupe. – disse ele em tom
afável, de mãos dadas com aquele corpo escultural, que praticamente empurrava
para os habituais beijinhos de boas-vindas.
- Oi querida, que nome lindo! Você se chama Maria de
Guadalupe, como a Virgem...
- Não, senhora, eu me chamo Lupércio... e da... deixa pra
lá!
A conversa parecia ter se encerrado ali... por breves
instantes, fez-se silêncio. Tomando o acompanhante do filho pelas mãos, levou-o
à beira do fogão para tirar-lhe lições de quituteira. E saíram de lá, entre
sorrisos e afagos... Ao final do almoço, quase infindáveis beijinhos, mais trocas
de carinhos e votos de volte sempre.
Quase que Jacinto enfarta. Não podia acreditar no que
seus olhos viam e no que seus ouvidos ouviam...
E pior, bem pior, além de ter que pagar a aposta, agora a
mãe dele não o deixava mais em paz. Exigia a separação, fazia questão de ter
Lupe como “noro”.
Cheque pronto, valor preenchido, restou-lhe assinar: Jacinto
A. (quem mandou se envergonhar do sobrenome Araquém) Paixão. Essa estória ainda
vai longe. Tenho dito.
Outro dia, Lupe voltou àquela casa para visitar a
pretensa sogra. Tricotaram por horas...